domingo, 21 de março de 2010

Um dia a sua ficha de que o mundo é muito maior do que o seu quarto. Não importa a idade, pode ser que este acontecimento seja aos 14, aos 20, 25 ou até mesmo depois dos 30 - considerando que a geração nerd em que vivemos é super atrasada no quesito "barra da saia da mãe".

Aí você decide fazer alguma coisa em relação a isso - ou você procura um (a) namorado (a) que poderá vir a ser seu marido (esposa), vcs casam e vc sai de casa. Ou vc usa o dinheiro que economizou trabalhando enquanto ainda morava com os pais (se for esperto) e aluga (ou compra) seu próprio apartamento (ou uma casa cara, para aqueles que tiveram a sorte de não ter escolhido fazer faculdade de Comunicação) ou vc muda de cidade, ou de país, ou... Enfim, temos aqui algumas possibilidades. E veja bem, quando digo "fazer alguma coisa em relação a isso", eu não me refiro a sair de casa e continuar contando com uma ajuda de custos mensal dos responsáveis. Eu me refiro a "viver sua vida".

E aí vc pensa que cresceu. Que só o fato de ter tomado essa decisão te tornou uma pessoa mais madura, mais forte, mais segura. A sensação existe, de fato - e ela dura alguns meses. É admirável, aos olhos de uns, que vc agora é uma pessoa independente, que paga suas contas, resolve o problema do gás, agenda faxineira, faz compras no supermercado e gasta mais de 50 reais por mês em produtos de limpeza que antes vc nem sabia para que serviam. E tudo isso, sim, é admirável. É uma forma, sim, de crescimento. E aí vc acha que finalmente amadureceu, que nada mais vai te destruir.

Aí vc se acostuma com isso. E, aos poucos, a vida começa a apresentar novos problemas, que vc antes nem suspeitava que existia. Ou talvez vc já tenha passado por alguns, mas agora, nesta nova etapa de sua vida, eles tomam proporções muitas vezes astronômicas. Pode ser um chefe que quer te derrubar, um namorado (a) que resolve enjoar de vc, mesmo vc tendo avisado que "por favor, se possível, gostaria de não me magoar mais, obrigada", ou simplesmente... vc enjoa de tudo isso. E aí vc lembra de como a vida era simples antes de ver que o mundo é maior que poucos metros quadrados com uma cama, um armário e sua coleção de CD's e DVD's. Mas não adianta tentar voltar, algo em vc mudou para sempre.

E aí vc vê que ainda não cresceu tanto assim. Os problemas de outrora eram ridicularmente pequenos comparado aos de hoje, e vc não pode fazer nada em relação a isso a não ser... bem, enfrentar. E vc vai descobrir que dói, e vc muitas vezes vai precisar de ajuda - seja de amigos, seja da família ou de um médico. Sua família vai ficar preocupada, vc vai ter que se controlar para não ser uma pessoa repetitiva com seus amigos, afinal, eles não tem o direito de ouvir suas reclamações o dia todo, por mais amigos que sejam, vc vai começar a tomar remédios.

Eu tenho 28 anos e me sinto com 40. Essa semana comecei a tomar um remédio para depressão e outro para dormir. Porque se algo te faz ficar agitada, outra coisa tem que te acalmar, afinal, dormir é preciso para enfrentar um dia longo que sempre chega, uma semana gigante que começa. Dia após dia.

Eu achava que era adulta, que era madura o suficiente porque tenho minha casa, meu carro, meu emprego, minha vida. Só que eu estava errada.

terça-feira, 16 de março de 2010

eu só recorro a este blog em momentos extremos. são apenas 3 posts em 3 anos.

eu estou triste.

sei que ninguém lê.

nem quero.

esta é uma conversa entre eu e eu mesma. o meu eu futuro. o meu eu que lerá estes posts e achará graça do meu sofrimento antigo. e só encontrará um fiozinho daquela tristeza, pois terá tristezas novas, aborrecimentos novos. mas o importante é ver como passou. de alguma forma ou de outra, passou.
eu queria que tudo isso passasse rápido, sumisse, evaporasse no ar. e seria incrível se alguém, de algum lugar, surgisse com as respostas e me ajudasse, iluminasse meus pensamentos, tirasse as dúvidas que me perseguem. me desse paz.

como eu sei que isso não vai acontecer, eu apenas desejo força. eu espero acordar todos os dias e me ajudar a resolver os problemas, a esquecer, a ser uma pessoa melhor.

eu penso onde eu errei, quando eu errei, quando tudo começou a ficar errado. eu lembro de tudo, e por mais que tente esquecer, eu lembro. e lembro de novo. e me culpo, e te culpo, e desejo que tudo suma, desejo que esse sentimento vá embora, que tudo o que eu fiz desapareça. que tudo o que suportei, suma. que um ano suma inteiro, que meses desapareçam por completo e eu volte a ter a serenidade de outrora, os objetivos de meses atrás.

eu tento me prometer que esta será a última vez, e eu tento a cada dia que passa ser uma pessoa menos melancólica, menos triste, menos saudosista. e eu procuro por alguém e encontro um buraco, um vácuo.

eu lembro de tudo.

eu queria esquecer.

e eu peço, dia após dia, que o sofrimento vá embora, que as pessoas me esqueçam. e não. só que eu também peço, no fundo, que você reapareça. e que peça desculpas. e que implore por perdão. e diga o quão errado você agiu. e eu lembro, dia após dia, de tudo o que você falou e de tudo o que eu não falei. e dói. como se alguém cortasse meu peito.

eu espero por alguma manifestação. minha. sua. eu quero sumir. mas quero ficar aqui.

para o caso de você voltar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

eu não quero lavar a louça. atender o celular. responder emails. fingir que sei a solução. pensar em que jornalista escreverá melhor sobre aquele assunto. que resposta dar. ser educada. fingir que gosto de você. resolver os problemas. fazer o jantar. ignorar o que eu sinto. fingir que não gosto. que não quero. que invejo.

eu não quero acordar amanhã para fazer o que faço. não quero ficar aqui sozinha. eu sinto saudade. eu sinto falta. eu quero o que eu tinha. o que eu era. eu quero o ontem. eu quero aqueles filmes. eu quero aqueles programas. aquela inocência. as voltas para casa ouvindo música alta. as teorias. os jogos. eu quero o que eu tinha. e durou tão pouco.

eu não quero mais brincar. eu quero o que eu era sem a carcaça. eu quero a bondade. a ingenuidade. a alegria. a vontade de fazer. eu quero o que elas ainda tem. eu quero o que eu não dei valor. eu quero voltar no tempo e fazer tudo de novo.

tudo de novo.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eu moro aqui há exatamente 1 ano, 1 mês e alguns dias. Eu moro sozinha há menos de uma semana. E eu me sinto muito sozinha morando sozinha. Isso já me desencadeou uma crise renal, crises de enjôo, tremedeira. Ok, tudo psicológico, eu sei. Mas tem dias em que eu sinto falta das pessoas que eu deixei, que eu ainda vejo, mas não como eu via antes. Eu sinto falta da cumplicidade, dos programas óbvios, do companheirismo. Há mais de um ano eu sou minha melhor amiga, eu só conto comigo aqui. E agora, sozinha, isso fica mais evidente e dói um pouco.

***

Me adapto fácil, então eu sei que isso vai passar. E eu vou aprender, de novo.

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Sinto saudades, dia após dia. O que eu tenho já não é suficiente, eu quero mais, eu quero o que ele não pode me dar. E isso está ficando evidente, claro, eu me fecho, eu perco tempo.

***

Eu vim pra casa hoje ouvindo Gwen Stefani. E eu fiquei com lágrimas nos olhos quando eu ouvi o que eu queria falar pra ele:

"And all I know is you've got to give me everything... and nothing less 'cause you know I give you all of me. And I give you everything that I am, I'm handing over everything that I've got 'cause I wanna have a really true love, don't ever wanna have to go and give you up. Stay up till four in the morning and the tears are pouring and I wanna make it worth the fight. What have we been doing for all this time? Baby, if we're gonna do it, come and do it right".

Mas eu não tenho coragem de mandar isso nem por e-mail.